As Sombras das Horas
Cláudio PortellaPoeta, crítico e editor-adjunto da revista PajéUrbe.
Falemos de influências; falemos de Gregório de Matos, Augusto dos Anjos e Wenceslau de Queiroz, 1. Gregório de Matos: advém do Boca do inferno, a oratória, a entonação silábica (favor não confundir com rima). 2. Augusto dos Anjos: talvez o mais influente poeta brasileiro, visto seu livro EU, ser um dos mais lidos no Brasil. Dele herdou a consciência do trabalho poético dos conceitos, e suas variante da palavra morte: Obscura Solidão, falando de flores, Transcendência de um poeta suicida, e não se cogita; são bons exemplo do labor. 3. Wenceslau de Queiroz: desse poeta paulista, contemporâneo e preconizador de Augusto dos Anjos, o germe é a profanação, dessacralização. Comparemos o soneto do livro Rezas do Diabo (1939 – Póstumo), de Wenceslau: Arte maldita! Circe feiticeira!/Bebi também teu philtro de estramonio/Para sonhar a minha vida inteira/No meio deste humano pandemônio;/Para não ver, numa feliz cegueira,/Da realidade e o negro horror gorgonio,/Fugindo assim à multidão rasteira/Sobre as azas rebelde do demônio/Interpretando os symbolos eternos/Da natureza, encantos e pavores/Gosto de quem percorre céus e infernos/E vou crystalizando no meu verso/- no meu verso onde estalam tantas dores, -/O sonho astral do coração perverso.
Com Obscura Solidão, do nosso novo poeta: eis a exuberância do teu/eu universo/ocultando-se na servidão/do eu inatingível/procuro-te no obscuro mas vejo-te/límpida e /singela/no entanto – na solidão das trevas –/restam-te apenas demônios,/ódios, delírios e uma surda melancolia/pois o desdém das sombras e a volúpia/ao obscuro é o que te inspira/agora contemplo teu ambiente/hostil e fúnebre/o escárnio à vida, por noites onde não há flores,/e a cercam de sombras, sombras, sombras....
A preocupação mor do poeta é com o tempo. Um tempo sem conjugações, onde, o que impera é a permanência humana, do amálgama ao elemento superior. Daí O Relojoeiro ser o título (e é no título que ficou humanamente decretado a síntese desse superior que vos falo) preciso para o primeiro livro do nosso novo poeta.
Temos por definição de relojoeiro aquele que fabrica ou concerta relógios. Os relógios aqui são os poemas. Fabricá-los ou concertá-los exige do poeta um entrega sublime. O poeta é o relojoeiro que com extrema paciência e delicadeza lapida as sutis engrenagens do poema.
O poema que dá título ao livro, subdivide-se em cinco. Cada um deles repensa o tempo, tic-tac do relógio dentro de uma óptica personal. Cinco personagens descrevem os efeitos do tempo, que no caso é o trabalho de um Deus desconhecido, em seus corpos e espíritos. Os relatos estão a mercê desse Deus desconhecido, cujo poeta chama de O Relojoeiro. Obra prima!
Chamei o autor desse corajoso livro (corajoso por não coadunar com nenhum modismo importado) de nosso jovem poeta, nosso novo vate. Chegou. Chegou o momento de dizer-lhe o nome com todas as letras por tratar-se de um poeta maior, na vereda (longe da estrada dos tijolos amarelos) de um estilo próprio, contudo, um poeta maior: José Leite Netto.
Leiam O Relojoeiro sem se preocuparem com o tempo passado presente ou futuro. Esse livro atemporal as horas inexistem. Restam apenas os ponteiros a marcarem no solo as sombras dos momentos. Agora, José Netto é um poeta eterno. Nem precisam gravar o nome.
Cláudio PortellaPoeta, crítico e editor-adjunto da revista PajéUrbe.
Falemos de influências; falemos de Gregório de Matos, Augusto dos Anjos e Wenceslau de Queiroz, 1. Gregório de Matos: advém do Boca do inferno, a oratória, a entonação silábica (favor não confundir com rima). 2. Augusto dos Anjos: talvez o mais influente poeta brasileiro, visto seu livro EU, ser um dos mais lidos no Brasil. Dele herdou a consciência do trabalho poético dos conceitos, e suas variante da palavra morte: Obscura Solidão, falando de flores, Transcendência de um poeta suicida, e não se cogita; são bons exemplo do labor. 3. Wenceslau de Queiroz: desse poeta paulista, contemporâneo e preconizador de Augusto dos Anjos, o germe é a profanação, dessacralização. Comparemos o soneto do livro Rezas do Diabo (1939 – Póstumo), de Wenceslau: Arte maldita! Circe feiticeira!/Bebi também teu philtro de estramonio/Para sonhar a minha vida inteira/No meio deste humano pandemônio;/Para não ver, numa feliz cegueira,/Da realidade e o negro horror gorgonio,/Fugindo assim à multidão rasteira/Sobre as azas rebelde do demônio/Interpretando os symbolos eternos/Da natureza, encantos e pavores/Gosto de quem percorre céus e infernos/E vou crystalizando no meu verso/- no meu verso onde estalam tantas dores, -/O sonho astral do coração perverso.
Com Obscura Solidão, do nosso novo poeta: eis a exuberância do teu/eu universo/ocultando-se na servidão/do eu inatingível/procuro-te no obscuro mas vejo-te/límpida e /singela/no entanto – na solidão das trevas –/restam-te apenas demônios,/ódios, delírios e uma surda melancolia/pois o desdém das sombras e a volúpia/ao obscuro é o que te inspira/agora contemplo teu ambiente/hostil e fúnebre/o escárnio à vida, por noites onde não há flores,/e a cercam de sombras, sombras, sombras....
A preocupação mor do poeta é com o tempo. Um tempo sem conjugações, onde, o que impera é a permanência humana, do amálgama ao elemento superior. Daí O Relojoeiro ser o título (e é no título que ficou humanamente decretado a síntese desse superior que vos falo) preciso para o primeiro livro do nosso novo poeta.
Temos por definição de relojoeiro aquele que fabrica ou concerta relógios. Os relógios aqui são os poemas. Fabricá-los ou concertá-los exige do poeta um entrega sublime. O poeta é o relojoeiro que com extrema paciência e delicadeza lapida as sutis engrenagens do poema.
O poema que dá título ao livro, subdivide-se em cinco. Cada um deles repensa o tempo, tic-tac do relógio dentro de uma óptica personal. Cinco personagens descrevem os efeitos do tempo, que no caso é o trabalho de um Deus desconhecido, em seus corpos e espíritos. Os relatos estão a mercê desse Deus desconhecido, cujo poeta chama de O Relojoeiro. Obra prima!
Chamei o autor desse corajoso livro (corajoso por não coadunar com nenhum modismo importado) de nosso jovem poeta, nosso novo vate. Chegou. Chegou o momento de dizer-lhe o nome com todas as letras por tratar-se de um poeta maior, na vereda (longe da estrada dos tijolos amarelos) de um estilo próprio, contudo, um poeta maior: José Leite Netto.
Leiam O Relojoeiro sem se preocuparem com o tempo passado presente ou futuro. Esse livro atemporal as horas inexistem. Restam apenas os ponteiros a marcarem no solo as sombras dos momentos. Agora, José Netto é um poeta eterno. Nem precisam gravar o nome.
2 Comments:
north face jackets
michael kors outlet
chicago blackhawks
adidas outlet
fred perry polo shirts
wedding dresses uk
snow boots
louis vuitton handbags outlet
juicy couture tracksuit
michael kors outlet
barbour jackets
tiffany and co
ed hardy clothing
miami dolphins
toms outlet store
coach handbags outlet
true religion outlet
nfl jerseys
snapbacks wholesale
true religion outlet
1126minko
Good write-up. I definitely love this site. Keep it up
https://prokr123.yolasite.com/
http://prokr114.bravesites.com/
https://prokr123.weebly.com/
http://khiale.com/
https://www.prokr.net/ksa/jeddah-water-leaks-detection-isolate-companies/
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home